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sábado, 8 de janeiro de 2011

A amizade nas redes sociais.

Há uma citação do escritor Augusto Monterroso que diz: “Desde que começou a falar, o homem não encontrou nada mais gratificante que uma amizade capaz de escutá-lo com interesse, seja para a dor como para a felicidade”. Sabes qual o fundamento desta frase? A transcendência do interesse e, por extensão, da profundidade de um vínculo para considerá-lo como tal. 

A palavra amigo provém do latim amicus, que deriva, por sua vez, da palavra amore, amor. Trata-se, portanto, de uma relação entre duas pessoas cuja chave reside no mútuo entendimento e respeito. Mas, sobretudo, embasa-se na existência de uma intimidade com o outro que nos permite compartilhar o que nos alegra e nos atormenta de maneira totalmente próxima. Abrimo-nos à amizade porque necessitamos compartilhar o que passa pela nossa cabeça, estabelecendo um vínculo de confiança sem o qual estaríamos perdidos.

Um amigo não é o mesmo que um conhecido, alguém a quem também respeitamos, mas não confiamos o suficiente para nos abrirmos e de quem somente conhecemos superficialmente, mas nunca em profundidade.

As redes sociais acrescentaram um novo tipo de amizade, a amizade virtual. Particularmente, não tenho nada contra, até participo de algumas (Orkut e Facebook), mas de fato é superficial. É claro que nem sempre se diz a verdade em redes sociais, mas existe sim, espaço suficiente para que os valores das pessoas fiquem implícitos ao longo do tempo, uma vez que redes sociais não permitem apenas comportamentos pré-determinados. Porém, não é através de fotos, informações pessoais (ás vezes fictícias) e comentários sobre o que fazemos, não fazemos, gostamos e não gostamos que irá de fato te fazer conhecer alguém, sobretudo porque tudo que podemos conhecer do outro e vice-versa não é nada mais do que uma construção, um emaranhado de pequenos detalhes e informações, nada mais. 

Ao meu ver, uma das vantagens é que podemos chegar a entrar em contato com pessoas que simplesmente não teríamos conhecido de outra maneira. Essa ampliação até o infinito de nosso mapa social é certamente positivo, já que provoca encontros, choques e conexões que, de uma maneira ou outra, geram novos conhecimentos e idéias. 

É justamente isso que me atrai tanto, compartilhar idéias. Sem as redes sociais as únicas pessoas que conheceríamos realmente seriam nossos amigos mais próximos, e isso qualquer rede não altera. Nesse sentido, redes sociais só vêm acrescentar. Por um lado porque proporcionam conhecer outros aspectos de nossos amigos que talvez não teríamos a oportunidade de conhecer em situações reais, porque as pessoas tem menos medo de se expressar quando não estão frente a frente com outras pessoas, ou porque teríamos contato com elas em momentos que geralmente não estamos presentes, e por outro porque podemos, através das redes sociais, abrir portas para relações pessoais com pessoas que valorizam aspectos da realidade semelhantes aos que valorizamos, mas que sem esse mecanismos mais direto e imediato de aproximação não haveria qualquer relação. 

Podemos conhecer pessoas que vivem do outro lado do mundo, e conseqüentemente novas culturas, conceitos e valores. É tão gratificante você conhecer alguém que está tão distante e pensa compatível com você. Mas será se geram amizades mesmo? Do angulo de onde vejo o ato de aceitar um novo "amigo" nas redes sociais pode constituir-se muito mais em uma etapa para a aceitação ou não de um "amigo". É a partir desta aceitação que poderemos saber se é uma pessoa de confiança ou não com a qual se possa estabelecer uma "verdadeira" amizade, do que apenas uma aceitação automática da amizade (eis aí o 1º grande passo). Tudo vai depender de como ambos irão se portar daí pra frente. Se haverá o exercício da sinceridade, que implica toda amizade verdadeira, ou seja, um processo no qual não resta outra coisa se não mostrarmos como somos, só o tempo irá dizer.

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